segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um pouco de bom humor.

Eu o vi!, o vi!, o vi!
O maldito libertino
promíscuo e descrente.
Eu o vi na igreja, sentado, rogando:
Ó Deus, Ó Deus, Ó Deus, muito obrigado!
Depois o ouvi murmurando algo que não entendi
e algo sobre um pecado.
Estava contente
pois difamaria, dando boa reputação, ao ateu agora crente.
Mas, como um overdose de realidade,
tornando ilusórios os vestígios de minha felicidade,
levantou uma freira, irmã do convento,
sua cabeça devia estar no colo daquele herege,
momentos sutis no banco da igreja:
o prazer carnal, pecado capital
na frente dos olhos de Cristo.
Levantou-se o bispo!
A freira não era suficiente ?
O bispo e a freira
em pleno terreno santo
convertendo meu domingo sagrado
em domingo de espanto.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nervoso, com uma cara de amor no mundo dos negócios (e na vida em geral), o homem de terno pediu um isqueiro. Ele estava trêmulo. Não o culpo. A pessoa no chão tinha acabado de morrer. Era "transcendental" aquela cena, que alguns dizem que é a alma saindo do corpo. O sangue ainda estava quente, a pele; rosada, o corte; fresco. Tinha uma certa inocência, uma inocência e uma bondade que homens de negócios, os tais capitalistas selvagens, mercadores da morte, pessoas supostamente educadas que lucram com a morte de milhares. Era bom, até certo ponto. Odeio esses homems de negócios super-gananciosos, que realmente acreditam que a vida não passa de uma buscar incessável (até a morte) por dinheiro. Odeio pessoas inocentes demais (odeio radicais), que geralmente são inteligente e burras. "Inteligentes" porque sabem tudo de geografia, história, matemática e dezenas de outros motivos pelos quais eu abandonei o colégio. Burras porque não entendem da matéria mais importante que nenhum colégio ensina. Não sabem mentir, trapacear, fingir e não entendem nada sobre pessoas. São pessoas ingênuas, pouco observadoras, na maioria dos casos. Não é uma questão de ser marginal, por saber mentir e fingir, é uma questão de ver o mundo e conseguir entendê-lo, conseguir lê-lo. É duvidar dos padrões da sociedade. Duvidar do "certo" e do "errado", duvidar do "normal" e do "anormal", do "bonito" e do "feio". Algo que até quem nasce em berço de ouro pode obter, isto é, se estiver disposta a sofrer para ver o mundo como ele é.O homem inocente me viu matando o homem culpado. Uma pessoa diabólica. Muito pior que qualquer assassino, fugitivo ou ladrão.
Estava escuro. Mais do que o normal. Só se via a chama de dois cigarros. Acho que aquele homem nunca fumara antes, pois cada tragada era seguida de intermináveis tosses. Nós dois estávamos em silêncio. Não havia o que falar, não havia o que fazer. Uma pergunta quebrou o silêncio:
- Você vai me matar ?
Não sei se devo. Acho que sim.
E simples assim, aquele homem inocente me matou.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Cada grito que ela dava, me obrigando a ir até a varanda, eu pensava em passar na cozinha, pegar a faca e matá-la. É um pouco cruel, mas o grito dela vinha na minha cabeça de forma provavelmente muito pior do que era, mas por aqueles quatro segundos de berro, muito mais alto que qualquer outro, a minha vontade era ir à cozinha, pegar uma faca e matá-la. Não o fiz. Ia à varanda, como me era obrigado e olhava lá para baixo, procurando algum de seus falsos amigos e se eu os achasse, teria de descer para abrir o portão. Ela estava dando uma festa. Pior que apenas uma festa: era uma festa onde viriam todas as pessoas que me viram quando era menor (e gostam de descrever o meu antigo tamanho apontando para o chão, como se algum dia eu pudesse ter tido o tamanho de uma espiga de milho), pessoas que me viram rindo, socializando, brincando, correndo. Sinto vergonha de ter sido criança, de ter sido tão inocente e tão idiota. Cheguei na varanda. O chão estava frio, um pouco úmido, tinha acabado de chover. Sem grade, com o chão molhado, aquela varande era idela para alguém escorregar e cair lá de cima. Cair. Olhei, procurei os malditos mercenários mas não vi nada, nem ninguém. Vi uma tremenda paz e tranqüilidade, em meio a neblina e toda a umidade. Ao me debruçar um pouco sobre o ferro que era a única coisa que me impedia de já ter morrido, olhei para o portão interno do prédio, também não havia ninguém, só aquela mesma paz. Em uma fração de segundo, ainda debruçado sobre o ferro, eu sentia uma enorme e devastadora vontade de pular. Sim, cair, me jogar, morrer. Era isso que eu queria. Sempre quis, mas agora a vontade tinha aumentado. Eu queria sentir aquela adrenalina, o medo, a angústia, o arrependimento, a dor, o sofrimento, a alegria, a tristeza, o alívio, o sufoco, a vida, a morte, eu queria sentir tudo. Uma explosão de sentimentos, como um tremendo orgasmo, uma extâse dolorosa, uma profundidade intraduzível, incapaz de ser descrita até mesmo pelos mestres da literatura, com décadas de experiência. Queria sentir aqueles dois segundos decisivos passarem tão lentamente que, em pleno ar, sentiria tédio, de tanto que o chão demorava a chegar. É, queria morrer. Queria não viver, mas tinha medo do que viria depois, até mesmo se o depois for nada. Tenho medo de virar pó, de ir pro céu, de ir pro inferno, de encontrar buda, algum deus grego, alá, tenho medo de ir pra algum lugar pior, tenho medo de ser enganado depois da morte, tenho medo de não me livrar dos meus problemas após a morte. Tenho muito medo do infinito, da eternidade. De ficar morto pra sempre. Isso é muito tempo. Tenho medo de ficar entediado na morte. O quão é patético é isso ? O quão patético é querer morrer e ter medo das possibilidades ? Não vou me matar. Hoje, pelo menos, não. Tenho uma festa para anfitriar. Meus amigos estão chegando.

a Lua é o nosso holofote,

deitados aqui, neste teto de nuvens

sentimos o cheiro das rosas, dos perfumes

dos esgotos.

Percebemos que a vida é longa,

longa para quem não ama

para quem vive sem este drama,

curta para nós, que sentimos na pele a alegria

do amor.

Para nós, que só temos uns aos outros

que vivemos soltos, mas tão dependentes

do Amor.

As amizades, não temos.

As dores, não sofremos.

Só dependemos de nós.

A distância machuca,

os beijos nos curam,

o sofrimento eterno -

de apenas alguns minutos distantes.

Tua saliva, meu veneno

vicia, destrói, corrói meus pensamentos

ficam mais lentos.

Guardo comigo, o teu cheiro,

o teu gosto, o teu rosto.

Perfeito, não há dúvidas:

belos olhos azuis,

guardam uma tristeza incomum

nem sequer visível para quem não te entende.

belos lábios macios,

guardam um sorriso que me encanta,

traz calafrios por todo o corpo;

é só um sorriso.

Está tão longe.
Levo na vida
a dor e angústia.
Levo nas palavras
o tom melancólico.
No pensamento
o ar cético.
No sorriso
o sarcasmo.
No andar
a prova de que o amor
e a vida – que já se tornaram a mesma coisa –
já me decepcionaram mais vezes do que posso suportar.
Carrego comigo um desejo,
desejo forte de morte:
se não para amar, para que viverei ?

que fim levaram aos meus dias de sol ?

cadê o meu Arco-Íris ? quem O roubou de mim ?

qual seu destino ? para onde foram minhas flores de cetim ?

sinto falta delas, da frieza, da companhia, da tristeza que sentia

por que levaste minha Primavera embora ?

roubaram as cores, foram levadas para fora

trancaram-me aqui, sem ninguém

solidão é minha amiga

vivo no umbigo da desgraça e da miséria

Morri. Morro e morrerei.

não tens coração ?

não tens piedade ?

não há solução

só há saudade.

Pegaram as minhas violetas do Outono,

arrancaram-me o coração, estupraram minhas rosas

as noites frias dependem das prosas.

A saudade já não existe mais

e ainda assim prendo-me a este cais:

esperando que ela apareça,

torço para que seu amor cresça.

Deixei-a porque quis e acho que hoje ela está feliz.

Agora só me restam memórias, dores, tristezas e histórias.

Guardo-as com muito cuidado

meu coração está bem trancado.

Sento aqui, neste calor, sentindo na alma a dor

esperando o meu amor.

Meus dedos escrevem: morte.

São de grande porte, estão quebrados.

Fui eu que fiz, não nego,

não sou mais feliz, estou cego às verdades, sou cético

sou escroto, sou delinqüente, anti-ético.

Ainda tenho minha adrenalina, meu perigo,

para a morte não ligo.

Nunca senti meu coração pesar tanto.

Peso mais pesado não existe não,

Sinto correndo pelas veias a solidão.

Meu coração me odeia, o sangue bombeia sem eu ter que pedir –

Nunca agradeço

“Não mereço” deve gritar, mas não o ouço.

O gosto da pólvora na minha boca, a voz roca,

a dor me atormenta.

No sangue:

O cheiro do seu hálito de menta.

É, acabei com tudo.

A vida acabou, contudo a dor continua.

Não pode ser. Não quero mais sofrer. A solução era morrer.

Uma cura repentina..

Hã ? O que é isso ?

ACORDO, abro os olhos –

voltei à rotina.

não vou mais acreditar nas suas mentiras,

não vou me importar, vou te deixar

não quero me vingar, não quero ver você sofrer

só quero fazer você entender o que É sofrer

não vou ligar, não vou me importar,

não vou perder meu tempo, não vou chorar

não vou reclamar, não vou falar dos meus problemas

vou ficar aqui, na companhia de mim mesmo,

só preciso disso. só quero isso.

não consigo mais diferenciar a chuva das minhas lágrimas,

queimam por dentro, conseguem destruir tudo

é tão ridiculamente forte mas tão inexistente

a desconfiança devia ter continuado como meu escudo.