segunda-feira, 20 de abril de 2009
Um pouco de bom humor.
O maldito libertino
promíscuo e descrente.
Eu o vi na igreja, sentado, rogando:
Ó Deus, Ó Deus, Ó Deus, muito obrigado!
Depois o ouvi murmurando algo que não entendi
e algo sobre um pecado.
Estava contente
pois difamaria, dando boa reputação, ao ateu agora crente.
Mas, como um overdose de realidade,
tornando ilusórios os vestígios de minha felicidade,
levantou uma freira, irmã do convento,
sua cabeça devia estar no colo daquele herege,
momentos sutis no banco da igreja:
o prazer carnal, pecado capital
na frente dos olhos de Cristo.
Levantou-se o bispo!
A freira não era suficiente ?
O bispo e a freira
em pleno terreno santo
convertendo meu domingo sagrado
em domingo de espanto.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Estava escuro. Mais do que o normal. Só se via a chama de dois cigarros. Acho que aquele homem nunca fumara antes, pois cada tragada era seguida de intermináveis tosses. Nós dois estávamos em silêncio. Não havia o que falar, não havia o que fazer. Uma pergunta quebrou o silêncio:
- Você vai me matar ?
Não sei se devo. Acho que sim.
E simples assim, aquele homem inocente me matou.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
a Lua é o nosso holofote,
deitados aqui, neste teto de nuvens
sentimos o cheiro das rosas, dos perfumes
dos esgotos.
Percebemos que a vida é longa,
longa para quem não ama
para quem vive sem este drama,
curta para nós, que sentimos na pele a alegria
do amor.
Para nós, que só temos uns aos outros
que vivemos soltos, mas tão dependentes
do Amor.
As amizades, não temos.
As dores, não sofremos.
Só dependemos de nós.
A distância machuca,
os beijos nos curam,
o sofrimento eterno -
Tua saliva, meu veneno
vicia, destrói, corrói meus pensamentos
ficam mais lentos.
Guardo comigo, o teu cheiro,
o teu gosto, o teu rosto.
Perfeito, não há dúvidas:
belos olhos azuis,
guardam uma tristeza incomum
nem sequer visível para quem não te entende.
belos lábios macios,
guardam um sorriso que me encanta,
traz calafrios por todo o corpo;
é só um sorriso.
a dor e angústia.
Levo nas palavras
o tom melancólico.
No pensamento
o ar cético.
No sorriso
o sarcasmo.
No andar
a prova de que o amor
e a vida – que já se tornaram a mesma coisa –
já me decepcionaram mais vezes do que posso suportar.
Carrego comigo um desejo,
desejo forte de morte:
se não para amar, para que viverei ?
que fim levaram aos meus dias de sol ?
cadê o meu Arco-Íris ? quem O roubou de mim ?
qual seu destino ? para onde foram minhas flores de cetim ?
sinto falta delas, da frieza, da companhia, da tristeza que sentia
por que levaste minha Primavera embora ?
roubaram as cores, foram levadas para fora
trancaram-me aqui, sem ninguém
solidão é minha amiga
vivo no umbigo da desgraça e da miséria
Morri. Morro e morrerei.
não tens coração ?
não tens piedade ?
não há solução
só há saudade.
Pegaram as minhas violetas do Outono,
arrancaram-me o coração, estupraram minhas rosas
A saudade já não existe mais
e ainda assim prendo-me a este cais:
esperando que ela apareça,
torço para que seu amor cresça.
Deixei-a porque quis e acho que hoje ela está feliz.
Agora só me restam memórias, dores, tristezas e histórias.
Guardo-as com muito cuidado
meu coração está bem trancado.
Sento aqui, neste calor, sentindo na alma a dor
Meus dedos escrevem: morte.
São de grande porte, estão quebrados.
Fui eu que fiz, não nego,
não sou mais feliz, estou cego às verdades, sou cético
sou escroto, sou delinqüente, anti-ético.
Ainda tenho minha adrenalina, meu perigo,
Nunca senti meu coração pesar tanto.
Peso mais pesado não existe não,
Sinto correndo pelas veias a solidão.
Meu coração me odeia, o sangue bombeia sem eu ter que pedir –
Nunca agradeço
“Não mereço” deve gritar, mas não o ouço.
O gosto da pólvora na minha boca, a voz roca,
a dor me atormenta.
No sangue:
O cheiro do seu hálito de menta.
É, acabei com tudo.
Não pode ser. Não quero mais sofrer. A solução era morrer.
Uma cura repentina..
Hã ? O que é isso ?
ACORDO, abro os olhos –
não vou mais acreditar nas suas mentiras,
não vou me importar, vou te deixar
não quero me vingar, não quero ver você sofrer
só quero fazer você entender o que É sofrer
não vou ligar, não vou me importar,
não vou perder meu tempo, não vou chorar
não vou reclamar, não vou falar dos meus problemas
vou ficar aqui, na companhia de mim mesmo,
só preciso disso. só quero isso.
não consigo mais diferenciar a chuva das minhas lágrimas,
queimam por dentro, conseguem destruir tudo
é tão ridiculamente forte mas tão inexistente